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ESPAÇO  ESPÍRITA

“E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?”  JESUS (Mateus, 7:3)

            Em grande estabelecimento comercial, o proprietário grita enfurecido a um dos funcionários:           Surpreendi-lhe, miserável!  Meu próprio empregado a roubar-me. Em que terra nós estamos?                                                                                  Perdoe-me, senhor!  Tenha piedade!  É a primeira vez…  Não pude evitar…                Cínico!  Primeira vez, heim!?                                                                                   Juro, meu senhor!  Juro pelo que há de mais sagrado.

Mentiroso!  Ladrão mentiroso.                                                                                Tinha necessidade. Minha esposa está mal e meu filhinho recém-nascido, na incubadora do hospital, exige assistência custosa.                                                                                E por que não procurou um hospital de indigentes?  Afinal, não será com o meu dinheiro que você rouba que vai permitir luxos e extravagâncias à sua mulher.             Tenha piedade! Foi um momento de irrefreável loucura…

Surpreendi-lhe em flagrante e não posso adivinhar desde quando você vem me dilapidando o patrimônio que reuni com tanto sacrifício e honradez.                          Repito: é a primeira vez.  A primeira vez, oh! meu Deus!                                                                                         Vou lhe entregar à polícia.  Acerte lá com o Delegado.  Devo fazer justiça e cumprir a lei.    

* * *

Horas depois, o contador da empresa procura o proprietário:

Esta é a Escrita oficial.  Esta outra é a real.  Como o senhor verificará, o lucro do corrente ano apresenta um superávit inesperado.

E que economia com o Imposto de Renda!                      Claro! Para isto sou perito contador e hábil na arte de sonegar…

Sim. Sonegação!… É quase lícita a nossa operação.  Afinal, o Governo nada nos dá e tudo nos toma.  Se fossemos pagar o imposto referente aos lucros reais, seria candidatar-nos à mendicância.                                     E o senhor, apesar disso, paga uma soma muito grande, graças à Declaração que faz, considerando-se que outros sonegam qualquer lucro, apresentando, em cada ano, prejuízos imaginários.  

Claro! Eu sou um homem honesto!

A sabedoria da Divina Lei determina que todo dilapidador seja dilapidado.       

Cumpra, assim, com o seu dever, mesmo que você seja uma singela expressão de honra no oceano das misérias sociais.  

Cada um desperta no clima mental em que situou a consciência e não no horizonte colorido da opinião alheia.                                                                                      

Abra os olhos à verdade e siga fiel.                                                                                 IGNOTUS

Extraído do livro “Panoramas da Vida” – Psicografia: Divaldo P. Franco

U.S.E.-UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO – INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS