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Espaço Espírita

“Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação.”  JESUS (Lucas, 22:46)

O espírito, quando reencarna na Terra, vem, naturalmente, com o propósito de aprender a dominar suas inclinações e tendências negativas, através do enfrentamento constante de situações difíceis e adversas, a fim de testar suas possibilidades de permanecer fiel aos objetivos propostos e lograr assim o desenvolvimento de qualidades e recursos para evoluir moralmente e realizar seu progresso espiritual.

Entretanto, em razão da reencarnação, o espírito defronta-se com a benção do esquecimento imposto pela vestimenta carnal.  Aí, as dificuldades e óbices inerentes à própria matéria encarregam-se de afastá-lo do propósito que ele próprio traçara anteriormente como objetivo.

A reencarnação significa, portanto, um adormecimento parcial das potencialidades do espírito, que ainda detém, mesmo que timidamente, as ideias inatas resultantes das vivências pretéritas, para conduzi-lo rumo ao aperfeiçoamento e progresso moral, onde a intuição, a sintonia e a afinidade ganham um destacado papel, de relevante importância na evolução espiritual.

Por isso, esses mecanismos acima citados, utilizados pelos espíritos encarnados no intercâmbio mediúnico, são extraordinários recursos colocados à disposição das criaturas na Terra, ensejando a todos a possibilidade de reflexão a fim de retificar roteiros equivocados, retomando o caminho momentaneamente esquecido, levando-os de retorno aos propósitos fixados antes da reencarnação.

Embora haja o natural esquecimento, reencarnar é recordar, principalmente as ocorrências enganosas, a conduta incorreta e as ações lesivas feitas a outrem e que, no fundo, lesam o próprio autor.  Compreende-se, assim, o papel terapêutico das lições de Jesus para o ser em trânsito carnal, quando disse “Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação.”

Eis onde o Mestre se reporta não apenas ao sono físico, mas, principalmente ao adormecimento psíquico, que embota os sentidos do espírito, levando-o a cair frente às tentações, por invigilância, acomodação, passividade ou ócio.

Jesus impõe o “levantar e orar” através de esforço próprio, “para que não entre em tentação” e, por decorrência, o despertar do espírito em sua caminhada, que deverá ser empreendida em ostensiva vigília, frente às próprias fraquezas e imperfeições que a criatura carrega, que são os verdadeiros responsáveis pelo adormecimento dos sentidos.

Essas palavras trazem, implícita, revolucionária proposta para o homem moderno, cercado de conquistas e conforto materiais, com inúmeras concessões e facilidades no campo moral, onde as ligações afetivas são descompromissadas e incapazes de proporcionar alegrias duradouras e tampouco plenitude e felicidade.

Certamente, quem desperta desse torpor dos sentidos levanta-se e toma as rédeas da própria existência, procurando reunir as energias desgastadas por meio da vigília na oração,  para  que  as tentações  percam  a ascendência  que  até  então  mantinham  o

indivíduo no cárcere dos gozos transitórios, impedindo-o de caminhar e evoluir espiritualmente.

ALBINO  DA  SANTA  CRUZ

Extraído do livro “Autoterapia do Evangelho” – Psicografia: José Maria de Medeiros Souza – editora Didier

U.S.E.-UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO – INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS