ESPAÇO  ESPÍRITA

A  MALEDICÊNCIA

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“Antes de falardes – aconselha um sábio mestre espiritual -, tende o cuidado de examinar se aquilo que ides dizer satisfaz a estes três requisitos: ser verdadeiro, agradável e animador; do contrário, deixai-vos ficar calados.”

Infelizmente, não aprendemos ainda a virtude do silêncio e, o que é pior, experimentamos um prazer imenso em falar desnecessariamente e em demasia, descambando, muitas vezes, para a maledicência, sem sequer nos apercebermos disso.

B reunamasta que nosos em conversação livre, para que, instantes depois, já estejamos a dizer mal dos outros.                                                  Administração, política, negócios, religião, festas sociais, parentela, etc., tudo serve para conduzir-nos aos falatórios inconsiderados em torno de nossos semelhantes, que, uma vez iniciados, podem prolongar-se por horas a fio, pois nunca faltam “Judas” para serem malhados.  Curioso: nenhum de nós se dá pressa em divulgar notícias sérias, sobre assuntos de relevante interesse para a Humanidade; mas com que sofreguidão disputamos a primazia de passar adiante fatos e boatos desagradáveis, deprimentes ou que possam provocar escândalo!    Não raro, aquilo que nos chega aos ouvidos são meras conjeturas e suposições maldosas, às quais não deveríamos dar o menor crédito. Levianamente, porém, não só as transmitimos a outrem, emprestando-lhes foros de veracidade, como até as exageramos, acrescentando-lhes detalhes fantasiosos, para melhor convencer os que nos escutam. Quanto desamor ao próximo ressalta dessas atitudes!

Ainda que nós mesmos tenhamos tido oportunidade de presenciar certas cenas ou episódios que nos pareçam comprometedores, manda a prudência nos abstenhamos de comentá-los, porque cada um de nós é levado a julgar as coisas que vê segundo as inclinações de seu próprio coração, e isso altera fundamentalmente o verdadeiro juízo delas.              A maledicência provém do mau costume que temos de intrometer-nos na vida alheia. Sem dúvida, haverá ocasiões em que, percebendo que uma pessoa esteja a proceder erroneamente, nos caiba o dever de, muito em particular e com delicadeza, procurar fazê-la convencer-se de tal; nunca, entretanto, alardear com terceiros fraquezas e deslizes que também estamos sujeitos a cometer.

O Evangelho, que é um magnífico tratado da ciência de bem viver, reprova a maledicência, o mexerico e as murmurações, instruindo-nos, por outro lado, como empregar nobremente o dom da palavra.

Atentos a essas advertências e exortações, tratemos então de exercer severo controle da língua, utilizando os sagrados recursos de expressão que a bondade de Deus nos há concedido, com a mesma dignidade e pureza com que Jesus, conversando, nos legou essa maravilha, que é a Doutrina Cristã.

          RODOLFO  CALLIGARIS

USE  INTERMUNICIPAL  DE  ASSIS

ÓRGÃO DA UNIÃO  DAS  SOCIEDADES  ESPÍRITAS  DO  ESTADO  DE  SÃO  PAULO

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