ESPERANÇA PARA VENCER O VAZIO E O MEDO DA MORTE
Diocese de Assis
O dia de Finados nos convida, anualmente, a parar. Diante dos túmulos, a grande questão da vida e da morte nos confronta. A correria cede lugar a um silêncio pesado, onde a fragilidade da nossa existência se revela. É neste ambiente que a reflexão sobre o sentido da vida se torna urgente: para que lutamos? Qual é o alicerce que nos sustenta?
Muitos tentam preencher o vazio existencial com consumo, ruído e atividades incessantes. Mas a verdadeira resposta não está no acúmulo, e sim na luta diária para dar significado a cada pequeno gesto.
O Medo da Morte e a Batalha pelo Absoluto
A morte é o grande medo da humanidade. É o medo do fim, do desconhecido, da perda total de controle. Mas o Evangelho de Jesus Cristo não nos oferece apenas uma promessa para o futuro; ele nos dá uma Esperança ativa e presente que desarma o medo.
Essa esperança não é um otimismo ingênuo, mas uma convicção profunda: nossa vida, longe de ser um acidente ou um caminho para o nada, está destinada à plenitude em Cristo.
A nossa conversão diária, a busca contínua por viver o Absoluto em nossas escolhas, é a forma de vencer o medo da morte. A cada ato de caridade, de perdão, de honestidade, de obediência aos valores do Reino, estamos afirmando que a vida vale a pena e que ela tem uma direção Eterna.
A verdadeira felicidade: nas pequenas vitórias
A esperança cristã não nos condena a uma vida de luto ou sofrimento resignado, mas nos chama a um cotidiano feliz. Esta felicidade reside nas pequenas superações do medo e do egoísmo. É o sorriso sincero que oferecemos apesar da dificuldade, é a paciência exercida no trânsito, é a força para perdoar a ofensa antes que o dia termine. Cada vez que escolhemos a paz em vez da raiva, a partilha em vez da ganância, estamos celebrando a vitória da vida em nós e, sutilmente, diminuindo o poder do medo sobre a nossa alma. São esses fragmentos de luz que constroem a alegria inabalável.
O Alimento da Esperança: Evangelho e Comunhão
Como sustentar essa luta e não desfalecer na jornada? O cristão tem duas âncoras inabaláveis:
- A Palavra Viva (O Evangelho): O Evangelho é o manual da vida com sentido. Ele nos mostra o caminho que Jesus trilhou e nos ensina a amar e a servir. Meditar o Evangelho diariamente não é um luxo; é a bússola que impede a nossa vida de se perder no caos. É a voz do Mestre que nos chama à obediência amorosa, à busca constante da vontade de Deus em lugar da nossa.
- A Comunhão com Cristo: A nossa esperança se firma na certeza de que Jesus venceu a morte. A comunhão com Ele – na Eucaristia, na oração silenciosa, na presença dos irmãos – é o que torna a Ressurreição uma realidade em nosso presente. Em Cristo, a vida já é mais forte que a morte. O corpo de Cristo comungado é a garantia de que a nossa luta não é vã.
Neste tempo de Finados, ao invés de apenas chorar a ausência, somos convidados a viver intensamente o presente com os olhos fixos na Esperança.
Que a reflexão sobre a brevidade da vida nos impulsione a abraçar a luta diária pela santidade, pela verdade e pelo amor.
A esperança cristã é esta: a morte não é um ponto final, mas um reencontro, e o sentido da nossa vida se constrói na obediência e na entrega total ao Mestre.
A cada manhã, levantemo-nos com a coragem de quem sabe que a sua vida está firmemente sustentada nas mãos de Deus.
A perseverança na fé e na esperança mantém os horizontes da vida abetos e iluminados, fazendo-nos viver como buscadores da alegria verdadeira e não do simulacro.
PE. EDIVALDO PEREIRA DOS SANTOS







