Fibromialgia: saúde mental também é afetada
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São Paulo, março de 2025 – A fibromialgia é uma doença crônica, caracterizada pela amplificação do sinal de dor no cérebro, fazendo com que a pessoa sinta um desconforto intenso mesmo diante de estímulos leves. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a condição afeta entre 2% e 12% da população adulta, sendo mais comum entre mulheres de 30 a 55 anos, e se destaca pelo alto impacto na qualidade de vida dos pacientes, trazendo não apenas dor crônica, mas também fadiga, distúrbios do sono e alterações emocionais.
“Essa hipersensibilidade gera um ciclo de dor constante, que compromete o sono e a disposição física, tornando-se um desafio para a rotina dos pacientes”, explica a Dra. Marina Quaresma, reumatologista credenciada da Omint. A relação entre fibromialgia e transtornos psicológicos é significativa. Estudos indicam que cerca de 50% dos pacientes com a doença também apresentam quadros de ansiedade ou depressão. A dor persistente, associada à fadiga e às limitações diárias, pode levar ao isolamento social e agravar os transtornos mentais. “Essa comorbidade é bidirecional: a dor crônica pode desencadear a depressão, e a depressão, por sua vez, intensificar a percepção da dor. É como um ciclo vicioso que impacta significativamente a qualidade de vida dos pacientes”, esclarece Beatriz Marcondes dos Anjos, psiquiatra credenciada da Omint. Ainda de acordo com a especialista, “emoções negativas, como estresse e tristeza, aumentam a percepção da dor, enquanto sentimentos positivos podem atenuá-la. Por isso, o tratamento deve envolver não apenas medicamentos, mas também estratégias psicológicas e terapêuticas”, completa a psiquiatra. Quem convive com fibromialgia experimenta um conjunto de sintomas que vão além da dor física. A fadiga crônica, o sono de má qualidade e as alterações de humor são companheiros constantes. As causas ainda não são totalmente compreendidas, mas fatores como alterações hormonais, o período da menopausa e o estresse psicológico estão associados ao desenvolvimento da doença. “Mulheres no climatério, fase que começa cerca de 10 anos antes da menopausa, podem ser mais propensas a desenvolver a condição”, ressalta Dra. Marina. O diagnóstico da fibromialgia é baseado em critérios clínicos, ou seja, na avaliação dos sintomas relatados pelo paciente e na ausência de outras doenças que possam explicar a dor. Não existe um exame específico para confirmar o diagnóstico. Abordagem multidisciplinar no tratamento O tratamento da patologia envolve diversas abordagens, entre elas o uso de medicamentos antidepressivos. A Dra. Marina Quaresma explica que “o mesmo antidepressivo que trata a depressão e a ansiedade atua no neurotransmissor que modula a percepção da dor. Isso significa que, com uma única medicação, podemos tratar tanto os sintomas emocionais quanto a dor física”. A reumatologista ressalta que a duração do tratamento pode variar, mas, em muitos casos, o uso contínuo de antidepressivos pode ser necessário. Analgésicos e relaxantes musculares também podem ajudar a aliviar a crise do paciente. Além do uso de medicamentos, a prática de atividades físicas aeróbicas, como caminhadas e hidroginástica, é fundamental, assim como a fisioterapia, que pode aumentar a força muscular, melhorar a flexibilidade e reduzir a dor. A saúde mental desempenha um papel importante no tratamento da fibromialgia. Diversos tipos de terapia, especialmente a cognitivo-comportamental, que auxilia a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento disfuncionais, podem ajudar os pacientes a desenvolver estratégias para lidar com a dor, o estresse e as emoções negativas. “A reeducação emocional e a gestão do estresse são peças-chave para reduzir a intensidade dos sintomas e melhorar a qualidade de vida”, reforça Dra. Beatriz. A assistência da família, dos amigos e dos grupos de apoio é fundamental. Compartilhar experiências e receber apoio emocional pode ajudar a lidar com os desafios da doença. Dra. Beatriz enfatiza a importância de reconhecer a realidade do sofrimento. “A dor não é imaginária, mas a forma como o cérebro a interpreta pode ser influenciada por fatores emocionais. A invalidação da dor por pessoas próximas pode ser extremamente prejudicial para os pacientes.” A terapia auxilia na construção de uma rede de apoio positiva e no desenvolvimento de habilidades para lidar com situações desafiadoras. O Fevereiro Roxo é um momento importante para ampliar o debate sobre a fibromialgia e incentivar o diagnóstico precoce. “O reconhecimento da doença e o suporte da família e da comunidade são essenciais para garantir que os pacientes tenham acesso ao tratamento adequado e possam levar uma vida mais equilibrada”, conclui Dra. Marina Quaresma. |