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Lá vai Maria

Lata d’água na cabeça

Lá vai Maria

Lá vai Maria

Maria Mercedes encantou e inspirou o autor dessa música se equilibrando com nobreza e alegria sob o peso da miséria e do preconceito. Inspirou a canção que fala do brio de uma gente que, mesmo sofrendo, vive de esperança.

O tempo passou e ainda há marias e josés tendo que buscar longe o que devia estar perto, por direito: água, sustento, abrigo.

Maria fez de sua lata um adereço! Foi para o palco, para a avenida. Tripudiou, brincou e dançou com o peso que a vida insistia em lhe impor: dificuldades e dores.

Sua lata viajou, conquistou o mundo, e sua beleza conquistou inclusive um suíço com quem se casou. Maria contava com alegria sua experiência no exterior, e dentre elas, uma situação inusitada quando foi surpreendida com uma lambida em seu braço e a admiração da criança europeia que exclamou: “você é feita de chocolate!” (riso largo).

Após 30 anos, voltou ao Brasil e, ao encontrar, através da fé, seu grande amor (Jesus), “encenou” seu último ato. Trazendo sua inseparável lata, agora carregada com a “água viva”, transbordando alegria, paz, amor e esperança.

Nem a idade, nem a doença a fizeram perder a elegância e o riso fácil com que encarava a vida. Dona Maria se equilibrou mais uma vez com altivez, sem deixar a água cair. Eternizada também na letra da canção com seu nome, a gente canta em sua homenagem:

Lá vai Maria

Sobe o morro e não se cansa

Que grande mulher!

Osvaldo Luiz Silva é jornalista, trabalha há 33 anos na Canção Nova, e escreveu o livro “A Vida é Caminhar”, que relata fatos da década de 1970 na vida do padre Jonas Abib.