Lipedema: confundida com obesidade, doença atinge 12% das mulheres no Brasil
Endocrinologista explica as causas, sintomas e formas de tratamento da condição

Caracterizada por um acúmulo anormal de gordura nas pernas e braços, o lipedema é uma doença comumente confundida com a obesidade ou sobrepeso comum. Prevalente em 12% das mulheres no Brasil, essa condição se diferencia da obesidade por ser uma gordura visivelmente marcada por fibrose, isso é, pelo seu aspecto de “casca de laranja” ou “grãos de arroz”, além de um acúmulo significativo de nódulos que se assemelha às celulites. Segundo a endocrinologista Dra. Nathalia Ferreira, o lipedema também não responde a dieta e exercícios físicos. “Muitas pacientes se sentem frustradas por não obterem resultados mesmo com uma alimentação equilibrada e prática regular de atividade física, porque a gordura do lipedema tem características diferentes da gordura comum. Um dos sinais de alerta é a desproporção corporal evidente: tronco magro e pernas ou braços excessivamente volumosos”, explica a médica. Outros sintomas frequentes incluem sensação de peso nas pernas, inchaço ao longo do dia e facilidade para formação de hematomas. A dor é um dos principais indicadores — diferentemente da obesidade, que geralmente não causa desconforto direto na gordura acumulada. “Muitas pacientes relatam dor mesmo com toques leves, além de dificuldade para encontrar roupas e sapatos confortáveis devido à diferença de medidas entre as partes do corpo”, comenta Dra. Nathalia. Como é feito o diagnóstico do lipedema O diagnóstico ainda é predominantemente clínico, feito a partir da observação dos sintomas e histórico da paciente. Em alguns casos, exames de imagem como ultrassonografia podem ser utilizados para descartar outras condições, como linfedema. A baixa conscientização sobre a doença faz com que muitas mulheres convivam por anos com o lipedema sem saber, frequentemente recebendo diagnósticos equivocados de obesidade ou má circulação. Embora não tenha cura, o lipedema pode ser controlado com uma combinação de abordagens. O tratamento inclui desde o acompanhamento com profissionais como endocrinologistas, nutricionistas e fisioterapeutas, até terapias de compressão, drenagem linfática e, em casos selecionados, cirurgias como a lipoaspiração específica para retirada da gordura doente. “O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o avanço da doença e melhorar a qualidade de vida das pacientes”, reforça a endocrinologista. A conscientização sobre o lipedema é essencial para quebrar estigmas relacionados ao peso e promover um olhar mais sensível e preciso à saúde da mulher. Identificar os sinais precocemente permite não apenas um tratamento mais eficaz, mas também contribui para o bem-estar físico e emocional de quem convive com a condição. “Muitas vezes, o reconhecimento da doença é o primeiro passo para que essas mulheres deixem de se culpar e comecem a se cuidar com o apoio certo”, conclui a médica. Quem é Dra. Nathalia Ferreira? Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Dra. Nathalia Ferreira possui Mestrado em Endocrinologia na USP de São Paulo e o título de Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Além disso, a médica possui ainda um curso de Especialização em Ultrassonografia de Tireoide e se apresenta como a autora de dois Ebooks: “Mãe, estou virando mocinha?” e “Receitas saudáveis e práticas”. |