MEUS TEMPOS DE CRIANÇA

Por Alcindo Garcia

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 Somos de um tempo em que nossas mães quando estavam “nos esperando” (era como se dizia de mulheres grávidas) tomavam aspirinas, comiam de tudo até leitoa assada. Nem elas nem nós morremos por isso. Nunca se soube que algum bebê tenha ficado doente porque a tinta do berço continha chumbo. Não existia o Inmetro para fiscalizar detalhes e mostrar serviços.

Não tínhamos tampinhas protetoras nas chupetas e mamadeiras, nem nos frascos de remédios, portas ou tomadas elétricas, e bicicleta só rico possuía. Nosso veículo era o carrinho de rolimã que a gente mesmo fabricava. O perigo era quando disparava ladeira abaixo e descobríamos que não tinha freio. Sendo crianças, andávamos de carro sem cinto de segurança e não precisava ir só no banco de trás porque havia respeito no trânsito e dava mais segurança para todos. Bebíamos água da mangueira no jardim pois era pura e servia para regar as plantas. Dividíamos um refrigerante chamado “Tubaína Conquista” (ainda existe?) com outros quatro amigos todos bebendo na mesma garrafa e ninguém que eu me lembre ficou doente por isso. Comíamos bolos açucarados, pão com manteiga, curau, pamonha doce, empanturrávamos com bombons “Sonho de Valsa” e não ficávamos obesos.

            Saíamos de manhã e brincávamos o dia inteiro sem perigo de seqüestro porque não existia gente má como hoje. Éramos crianças livres e jamais presas em computadores ou celulares, porque essas tecnologias ainda não tinham sido inventadas. Nossa diversão era a matiné do cinema aos domingos. Estávamos sempre bem, tanto que sobrevivemos.  

Não tínhamos computadores, playstations, nintendos, arquivos X, nenhum vídeo game, nem 99 canais de seriados por parabólicas, nem novelas peçonhentas, nenhum filme em DVD, twiter, blog, nem telefones celulares, nem computadores de bolso, internet ou salas de chats.

Éramos livres e felizes. Foi nessa escola que aprendemos a sobreviver. E sobrevivemos!

 

Alcindo Garcia é jornalista – e-mail:[email protected]

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