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Nascem 12 filhotes de araras de ovos resgatados do tráfico no aeroporto de Guarulhos

 

 

Nasceram nesta segunda-feira (5), 12 filhotes de araras cujos ovos haviam sido resgatados de uma operação contra o tráfico de animais no Aeroporto Internacional de Guarulhos. As aves estavam recebendo cuidados especiais desde que seus ovos foram retirados da mala de um passageiro e vão permanecer em recuperação em um centro de recuperação da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do Estado de São Paulo. No total, 24 ovos foram recolhidos – os demais seguem na incubadora.

Os ovos haviam sido levados para o Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres de São Paulo (Cetras-SP) depois de o traficante de animais ser detido no aeroporto, na última quinta (1º). Desde então, os ovos receberam o cuidado adequado para permitir que as aves terminassem de se desenvolver e pudessem nascer.

Durante os próximos dias, os filhotes permanecerão em uma Unidade de Tratamento Animal (UTA), com controle de temperatura média em 36ºC e umidade do ar em 60%, enquanto os 12 ovos permanecem na incubadora aguardando a eclosão. Neste momento, os filhotes seguem no ganho de peso até completarem 30 dias, quando irão para outra unidade de tratamento, com temperatura e umidade mais próximas do ambiente natural.

No primeiro semestre de 2024, 4.040 animais silvestres foram recebidos pela secretaria. São espécies resgatadas de tráfico nacional e internacional, vítimas de atropelamentos, de colisão em vidraças, de acidentes com linhas de pipa, eletrocutados, feridos por projétil, agredidos por pessoas, atacados por animais domésticos, ou ainda filhotes órfãos. Isso significa mais de 22 animais a cada dia sendo recebidos para o processo de recuperação.

Os animais são encaminhados ao Cetras-SP após ações conjuntas com a Polícia Militar Ambiental, Ibama, as polícias Civil e Federal e Guardas Municipais. Até o momento, 79% de todos os animais recebidos foram reabilitados e devolvidos a seus habitats naturais, e 21% entregues às instituições de apoio.

O tráfico segue como o maior motivo das apreensões, especialmente de aves encontradas em situações precárias. Em 2023, o Cetras-SP recebeu 8.880 animais, sendo 4.613 provenientes de apreensão, 1.021 de entregas espontâneas, 3.118 vindos de resgates e 128 de outras origens.

“O trabalho do Cetras-SP é fundamental para o cumprimento de um importante eixo do nosso Plano Estadual do Meio Ambiente, que é a proteção da biodiversidade”, enfatiza a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende. Ela observa que, para além do cuidado com os animais, a pasta também trabalha em ações de conscientização e combate às principais causas de risco.

Como os animais são cuidados

Ao dar entrada na unidade, cada animal tem uma ficha com os dados pessoais ou da ocorrência, histórico, identificação taxonômica do espécime, origem e avaliação inicial da condição do animal, preenchida garantindo histórico e acompanhamento, que em seguida, atendido por biólogos e veterinários para análise clínica para tratamento e início do protocolo de reabilitação. Nessa primeira etapa de cadastro, os animais recebem uma marcação individual que pode ser uma anilha ou microchip, que alinhados à ficha garante a rastreabilidade individual dentro, e posteriormente fora do Centro.

Com a análise clínica e avaliação física, o tratamento se inicia por meio de exames, cirurgias e até mesmo implante de penas, para os casos das aves, enquanto os protocolos são baseados na espécie, faixa etária, histórico, condição física, nutricional, sanitária e comportamental. Desta forma, contemplando reabilitação nutricional e comportamental, além de readaptação na apanha de alimentos, treinamento de voo, reinserção de animais gregários em grupos, entre outros estímulos.

Os cuidados iniciais variam de acordo com o histórico da ocorrência, indivíduos oriundos do tráfico e entregues voluntariamente em sua maioria apresentam distúrbios comportamentais e nutricionais, necessitando cuidados específicos e de longo prazo, já ocorrências de interceptação em rodovias, por exemplo, com grande quantidade de animais recém capturados, aglomerados, sem alimentação e desidratados precisam de cuidados intensivos no momento da chegada.

O tempo de reabilitação é diferenciado entre as espécies e o histórico da ocorrência, podendo variar de uma semana a dois anos com todos os aspectos biológicos avaliados para a destinação correta de cada animal, sempre com a prioridade de devolução para a natureza.

Para todo este processo o Cetras-SP conta com uma equipe dedicada de tratadores de animais, técnicos, biólogos, e veterinários na garantia do bem-estar animal.