Nos momentos de aflição

Por Paulo Eduardo de Barros Fonseca

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Ao longo dos tempos a fé é associada à crença religiosa e aos dogmas de cada religião, o que, inevitavelmente, leva ao afastamento entre os seus adeptos, porque cada qual defende que seus dogmas estão corretos.

Porém, a fé é muito mais forte do que um mero sentimento religioso, porquanto é um sentimento inato de cada pessoa. O Evangelho Segundo o Espiritismo diz que “A fé é o sentimento inato, no homem, de sua destinação futura; é a consciência que tem das faculdades imensas, cujo germe foi depositado nele, primeiro em estado latente, e que deve fazer eclodir e crescer por sua vontade ativa” (Mensagem de um Espírito Protetor, Allan Kardec, p. 189).

A fé deve ser racionada, pois dela depende o desenvolvimento de cada pessoa. Compreender esse conceito implica no encarar as situações socioemocionais do cotidiano de forma mais ampla, livre dos dogmas religiosos.

A vida é repleta de lindas histórias, mas, muitas vezes, nos deparamos com pessoas que valorizam aquilo que, no seu entendimento, não aconteceu na forma com esperam que fosse, esquecendo-se de avaliar que vivemos num mundo de provas e expiações e que as dificuldades as afastam do estado de inércia em que permanecem proporcionando-lhes, ao mesmo tempo, oportunidades para que possam trabalhar a melhoria das suas atuais condições de vida.

Pode-se dizer que a vida se assemelha a uma corrida de obstáculos que tem o poder de impulsionar o progresso humano, pois somos instados a superar os desafios. Toda situação da vida deve ser entendida como um teste que pode nos levar a dar mais um passo em direção à evolução espiritual.

Ante as dificuldades e contrariedades do dia-a-dia devemos exercitar a fé racionada, valorizar as experiências adquiridas e delas procurar extrair as verdadeiras consequências, as quais, não raro, somente podem ser mensuradas no futuro.

A mudança na forma de encarar as inquietações da vida resulta em outra ordem de ideias e, sem dúvida, o bem frutifica onde menos se espera. Aquilo que encaramos como um problema, uma tristeza, enfim, uma decepção, no final, com o passar do tempo, percebemos que, verdadeiramente, foi o fator que nos impulsionou para uma situação melhor. Lembramos, “o progresso é uma condição da natureza humana, ninguém tem o poder se opor a ele. É uma força viva que as más leis podem retardar, mas não asfixiar” (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, perg.783.).

Como os dias de maior dificuldade nos oferecem as grandes lições, nós devemos nos esforçar intimamente para aproveitar desse aprendizado da melhor maneira possível.

Assim, em qualquer situação, mas, sobretudo nos momentos de aflição, cultivemos a fé e a paciência, mantendo-nos firmes na esperança e na certeza de que “depois da tempestade vem a bonança” (Salmo 126).

Paulo Eduardo de Barros Fonseca é vice-presidente do conselho curador da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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