O carvão ativado produzido da cana-de-açúcar como alternativa competitiva de despoluição das águas

Por J. A. Puppio

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A versatilidade do uso do carvão tem origem milenar. Os povos egípcios e da antiga Mesopotâmia o usavam como combustível para reduzir alguns elementos no processo de fabricação de bronze. Além disso, esse estrato rochoso também era utilizado como conservantes devido suas propriedades anti-bacterianas.

Com o passar do tempo, as aplicações do carvão ganharam outras finalidades. É comum o uso do carvão em churrasqueiras, como também em aquecedores, lareiras, fogões a lenha, além de abastecer alguns setores industriais. Na megaprodução Titanic – filme lançado nos cinemas em 1997 – a história se passa em 1912, onde, naquela época, o carvão era queimado como combustível a uma taxa de 650 toneladas por dia.

Nesse contexto, verificada a multivalência do carvão, descobriu-se o Carvão Ativado. O uso desse tipo de carvão se tornou popular devido à Primeira Guerra Mundial, quando houve a necessidade de purificar o ar utilizando a máscara de gás, devido à sua capacidade de coletar seletivamente os gases no interior dos seus poros.

Desde a Revolução Industrial, os processos industriais somados ao desequilíbrio demográfico deixam na água muitos compostos orgânicos poluidores, além de substâncias tóxicas. Atualmente, 2,5 bilhões de pessoas vivem em regiões com escassez de água, e, para 2025, projeta-se um aumento de um bilhão de habitantes com insuficiência de água. Só para efeito de comparação, esse número representa a metade da população do planeta.

Dessa forma, o carvão ativado protagoniza um papel fundamental a fim de recuperar essas águas poluídas. Estima-se que o mundo produz cerca de 400 mil toneladas desse material, cuja principal função destina-se à adsorção de poluentes líquidos e gasosos. Devido às suas propriedades texturais, o uso do carvão ativado atua removendo cor, odor, óleo e outros elementos impróprios, conferindo uma melhoria de qualidade e tornando-a própria para consumo.

Há algumas maneiras de se produzir carvão ativado, sendo a mais comum delas a partir da casca de coco. Devido a falta de tecnologia local, o Brasil exporta as cascas de coco para os Estados Unidos, que devolvem nossa matéria-prima como produto final, ou seja, como carvão ativado. Nesse sentido, o país lida com maiores custos de operação.

No entanto, o país é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar. E o bagaço da cana surge não só como matéria-prima, mas como alternativa competitiva. A produção do carvão ativado, realizada a partir do bagaço de cana-de-açúcar, confere um ganho para o país em sustentabilidade, reduzindo significativamente os índices de poluição, além de ser um recurso próprio em abundância.

 

J.A.Puppio é empresário, diretor-presidente da Air Safety e autor do livro “Impossível é o que não se tentou”.

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