O impacto positivo dos parques na saúde e no bem-estar de crianças e adultos
O acesso a parques oferece um contraponto necessário à hiperestimulação urbana, ou seja, um convite a uma pausa no cotidiano. Estar ao ar livre melhora o equilíbrio físico e emocional, a criatividade, a cooperação social e a concentração. “Saímos da rotina, pois ao estarmos em espaços coletivos, por mais que façamos isso sempre no mesmo horário, não teremos controle sobre o que iremos encontrar, estimulando-nos a lidar de forma saudável com o imprevisível”, explica a psicóloga Ana Paula Camara.
De acordo com ela, a urbanização e a popularização das tecnologias isolam as pessoas do contato com natureza, o que contribui para afetar a saúde socioafetiva de crianças, jovens e adultos. “Os parques mitigam esses efeitos e proporcionam alívio do estresse e da poluição. O simples contato visual com a natureza pode acalmar e auxiliar o cérebro humano a lidar com a fadiga e o cansaço mental promovido pelos diversos estímulos da cidade”, ensina.
Parques urbanos como aliados da saúde das crianças
Os parques urbanos são alternativas para as crianças reduzirem o tempo de uso de dispositivos eletrônicos. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta que a utilização constante de celulares, entre outras telas, pode afetar a visão dos pequenos. Oftalmologistas relataram fator de risco para miopia, acompanhados de sintomas extraoculares como dores no ombro e pescoço, cefaleia e dor nas costas.
Segundo a pediatra Denise Lellis, autora do livro Primordial – Um Livro Pela Infância em seu Pleno Potencial: Nutrição, Comportamento e Estilo de Vida em Pediatria, a exposição ao sol em parques oferece vantagens imunológicas, melhora a saúde dos olhos e facilita a conversão de vitamina D, essencial para a saúde óssea. “A falta de exposição à luz natural está associada ao aumento de miopias graves”, complementa.
A médica explica ainda que a exposição ao sol e a prática de atividades físicas são fundamentais para manter a longevidade. “Os seis pilares do estilo de vida saudável incluem alimentação balanceada, prática de atividades físicas e de preferência ao ar livre, sono de qualidade, conexões sociais, redução de estresse e moderação no consumo de álcool entre outras substâncias e medicamentos. Estudos na área apontam 20 anos de vida a mais para pessoas que mantenham esses pilares em suas vidas”, informa.
Além disso, desde 2019, a SBP trabalha com o Programa Criança e Natureza para orientar e inspirar pediatras, famílias e educadores sobre a relevância do convívio de crianças e adolescentes em meio à natureza para contribuir com o bem-estar e as saúdes física e mental. Para a entidade, a urbanização resultou em um distanciamento da natureza, redução das áreas naturais e o aumento da poluição. Ainda segundo a Sociedade garantir que as crianças tenham uma infância rica em contato com a natureza é uma responsabilidade compartilhada.
De acordo com Denise, a interação com a natureza aumenta a resistência e a tolerância à frustração e reduz os níveis de ansiedade e de estresse. “A atividade física ao ar livre eleva a endorfina, combate o sedentarismo e os efeitos negativos do uso excessivo de telas, que prejudica essas interações e afeta o desenvolvimento emocional, cognitivo e imunológico das crianças”, afirma.
Segundo especialistas, num contexto em que o uso excessivo de telas preocupa especialistas em saúde, oferecer às crianças a oportunidade de brincar ao ar livre contribui com o crescimento saudável.
Para finalizar, Denise Lellis ressalta que os parques urbanos ajudam a promover um estilo de vida mais saudável em uma sociedade digital. “As pessoas valorizam cada vez mais os seguidores e os likes, mas é fundamental valorizar a saúde e o bem-estar. Oferecer espaços verdes e incentivar o uso desses parques pode ajudar a combater os efeitos negativos da vida digital e proporcionar um ambiente mais sadio tanto para crianças quanto adultos”, aponta.