Os impactos de uma gravidez precoce

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A gravidez na adolescência é um fenômeno global que possui causas muito bem conhecidas, assim como consequências sociais, econômicas e para a saúde. Tende a ser maior entre aquelas de menor grau de escolaridade ou menor status econômico e, embora se verifique diminuição na taxa da primeira gravidez, essa ainda se mantém muito alta no Brasil, se comparada a países desenvolvidos.

Segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), ao considerar meninas entre 10 e 19 anos, o Brasil é um dos países da América Latina com a maior prevalência de gravidez na adolescência (14%), ficando atrás do Paraguai (15%), Equador e Colômbia, ambos com 18%. Segundo a hebiatra Elizete Prescinotti Andrade, presidente do Departamento de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), a denominação mais adequada seria gravidez precoce, pois acontece em uma fase da vida da mulher na qual seu organismo está num período de intensas mudanças físicas, psíquicas e sociais.

“E para que se desenvolva plenamente, tais mudanças precisam acontecer com o menor número possível de intercorrências – e uma gravidez é uma grande intercorrência no desenvolvimento”, afirma a médica, salientando que pais, professores e pediatras devem fornecer informações corretas sobre sexualidade e prevenção da gravidez precoce. “Falar sobre sexualidade, prevenção de gravidez e de infecções sexualmente transmissíveis não induz adolescentes a iniciarem a vida sexual mais precocemente”, enfatiza a hebiatra.

Para ela, os pediatras têm papel fundamental nessa prevenção, com capacidade de atuar na diminuição da primeira gestação precoce. “Precisamos orientar tanto a família quanto os adolescentes sobre métodos contraceptivos e prescrevê-los quando indicado”, diz, esclarecendo que a prevenção não se restringe apenas às adolescentes. “Todos os adolescentes, meninas e meninos, sempre devem participar dessas orientações”, conclui Elizete.

Para a gestante adolescente os riscos são amplos:

As adolescentes já estão naturalmente em uma fase de crescimento e desenvolvimento e a gravidez precoce pode interferir nesse processo. Segundo a pediatra Elizete Prescinotti Andrade, elas podem enfrentar complicações como hipertensão gestacional, anemia e pré-eclâmpsia, entre outras complicações relevantes.

  1. A gravidez em adolescentes está associada a um maior risco de parto prematuro, o que pode levar a complicações para o bebê, como baixo peso ao nascer e problemas de saúde a longo prazo;
  2. As adolescentes podem ter uma taxa mais alta de abortos espontâneos, especialmente se não receberem cuidados pré-natais adequados;
  3. Muitas adolescentes podem não ter uma nutrição adequada durante a gravidez, o que pode impactar tanto a saúde da mãe quanto a do bebê. Uma alimentação inadequada pode resultar em deficiências nutricionais que afetam o desenvolvimento fetal. Para a adolescente, há risco de uma menor aquisição de massa óssea, o que aumenta a probabilidade de osteoporose na pós-menopausa;
  4. A gravidez na adolescência, além de limitar o desenvolvimento social da adolescente, pode causar estresse, ansiedade e depressão. A pressão social e as mudanças na vida podem ser difíceis de lidar, resultando em problemas de saúde mental;
  5. Muitas mães adolescentes enfrentam dificuldades financeiras, falta de apoio familiar e estigmas sociais, o que pode impactar ainda mais a sua saúde e bem-estar da mãe e do bebê;
  6. A gravidez pode interromper os estudos e limitar as oportunidades de carreira da adolescente, afetando seu futuro econômico e social;
  7. Mães adolescentes têm maior chance de trabalhar do que adolescentes não grávidas; entretanto, em sua maioria são empregos informais. E se comparadas a mulheres que tiveram filhos após os 20 anos, recebem 28% menos de salário;
  8. A gravidez na adolescência pode levar ao isolamento social, com a jovem mãe se afastando de amigos e atividades sociais, o que pode aumentar a sensação de solidão e depressão.
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