Pela vida e pelas mulheres
Por Antônio Carlos Lopes
O mês de março é tradicionalmente dedicado às mulheres em diversas partes do mundo. Não a parabenizações genéricas, meros botões de rosas, campanhas publicitárias de empresas ou outras ações vazias que, infelizmente, atravessam a data. Pelo contrário: são dias de reflexão, de toda a sociedade se engajar verdadeiramente na luta pelos direitos das mulheres.
Foram importantes os avanços nas últimas décadas: no nosso país, elas já são maioria no ensino superior, conforme dados da pesquisa “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgada em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); a bancada feminina na Câmara dos Deputados cresceu 18,2% nas eleições mais recentes; a Lei Maria da Penha, criada em 2006, consolidou-se como uma ferramenta de proteção contra a violência doméstica.
Além disso, as mulheres têm alcançado avanços significativos em termos de educação e mercado de trabalho, ocupando posições de liderança em empresas e instituições acadêmicas.
Mesmo assim, são numerosos os desafios ainda a serem enfrentados, como a disparidade salarial entre os gêneros e o aumento do índice de feminicídios no país – levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) aponta que houve crescimento de 10,8% nos assassinatos em quatro anos.
A saúde delas também piorou. Em razão da pandemia de Covid-19, não foram raros os casos de mulheres que interromperam seus tratamentos ou tiveram dificuldade de acessar os serviços de saúde. Representando a maior parte dos profissionais na linha de frente do combate ao vírus, elas ainda ficaram mais expostas ao adoecimento.
Não podemos permanecer de braços cruzados diante da desigualdade. O Artigo 196 da Constituição estabelece a saúde como um direito de todos. E de todas. Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Clínica Médica criou há alguns anos uma campanha permanente, denominada de Mulher Coração.
Considerava-se, até bem pouco tempo, que os problemas do coração eram algo intrínseco aos homens. Hoje sabemos que o sexo feminino também é seriamente afetado pelas doenças cardiovasculares, que ultrapassaram as estatísticas dos tumores de mama e útero e levam a óbito mais de 23 mil mulheres diariamente em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). As pílulas anticoncepcionais, a menopausa e o tabagismo constituem fatores de risco para esse público.
Nossa campanha tem como objetivo alertar e orientar as mulheres brasileiras quanto à importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Artistas e personalidades como Fofão, Irene Ravache, Maitê Proença e Paula Lima apoiam a iniciativa. Você também pode fazer parte, acessando mulhercoração.com.br.
A construção de um país menos hostil e com mais bem-estar para todas as mulheres está em nossas mãos. Exercite a dignidade.
Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira
de Clínica Médica