Pele de cães e gatos merece todo cuidado
Por Cinthya Ugliara
Assim como para nós, humanos, a pele é o maior órgão dos nossos animais de estimação e merece muito cuidado. Encontramos alterações dermatológicas em cerca de 80% dos pets atendidos em consultas de rotina. Muitas vezes o bichinho é trazido por outro motivo, mas acabamos detectando um problema cutâneo. Por isso as visitas frequentes ao veterinário são tão importantes. As alergias nos pets são bastante comuns. Quando um cão ou gato chega ao consultório com uma dermatite, o veterinário inicialmente busca controlar a crise, para depois iniciar um diagnóstico por exclusão. Primeiro, é verificado se a causa da alergia é um ectoparasita como a pulga ou o carrapato, além de se observar se o pet tem sintomas de doenças endócrinas, como hipotireoidismo ou hiperadrenocorticismo, também capazes de se manifestar na pele. Se não for, é avaliada a possibilidade de uma hipersensibilidade alimentar, geralmente a uma proteína animal. Todos estes problemas podem ser tratados e bem controlados, de forma simples, após o correto diagnóstico. Se o fator não puder ser identificado, a alergia é classificada como uma atopia, ou seja, uma reação a um alérgeno difícil de identificar e eliminar do convívio com o animal – um ácaro de poeira, por exemplo. Nesse caso, o pet deve passar por um tratamento mais complexo de manutenção. Igualmente a nós, os animais de pele mais clara são mais propensos a problemas dermatológicos, inclusive ao câncer de pele. Por isso, é fundamental a prevenção e o uso de protetores solares de uso veterinário. Eles devem ser aplicados preferencialmente nas regiões sem pelos ou com pouca pelagem, como barriga, orelhas e stop (encontro entre focinho e testa). Vale lembrar que é normal o surgimento de pintas e manchas na pele dos pets. Mas caso o tutor note algum sinal mais avermelhado, com relevo ou aumentando de tamanho, deve levar o animal para um exame clínico com o médico veterinário. Hidratação e banho Não podemos nos esquecer dos banhos, que devem ser realizados sempre com produtos específicos para pets. É importante manter uma frequência da higienização da pele dos animais, mas sem excesso, para não causarmos ressecamento e maior suscetibilidade a infecções e alergias. Para cães, não são aconselhados banhos com intervalo menor do que sete dias. A constância quinzenal vale para a maioria das raças e circunstâncias. Para os gatos, o intervalo pode ser maior. A higienização após passeios também é indicada, ainda mais nestes tempos de prevenção ao novo coronavírus. Embora não tenhamos até agora nenhuma evidência de que pets possam ser contaminados, eles podem carregar o vírus para casa após um contato na rua. Por isso, na volta ao lar lave as patas e o focinho do seu bichinho com água e xampu veterinário – ou água e sabão neutro, se não tiver o produto específico. Ocasionalmente, ou numa emergência, você também pode higienizar as patas do animal com lenços higiênicos para pets, que contêm álcool 70º ou clorexidina. Mas nunca utilize álcool em gel na pele do seu pet! Lembre-se: a pele humana e as dos bichos são diferentes. Mesmo os produtos para bebês, com fórmulas suaves e hipoalergênicas, não são apropriados para os animais de estimação – não obstante muitas vezes tratemos os pets como nossos filhinhos. Cinthya Ugliara é médica veterinária da Dra Mei. |