Por uma educação empreendedora

Por José Carlos Barbieri

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Um dos maiores pensadores do século XX, Albert Einstein, certa vez disse que “educar verdadeiramente não é ensinar fatos novos ou enumerar fórmulas prontas, mas sim,  preparar a mente para pensar”. A autonomia, portanto, e não a imposição de regras e conhecimentos, seria a chave para preparar os futuros homens e mulheres responsáveis pela sociedade que conhecemos.

É preciso ter uma boa dose de paciência e coragem para ensinar autonomia. Muito mais simples é despejar conceitos e teoremas já testados e comprovados, cobrar depois que as jovens cabeças pensantes tenham decorado todos eles e, assim, conseguir resultados sólidos sem correr grandes riscos. Nesse caso, porém, onde poderíamos aplicar a inovação, testar as boas ideias, criar o inusitado? Faz parte do educar entender que as novas gerações não alçarão voo enquanto estiverem presas a um pensamento já formatado. Daí a importância de apresentar o mundo do trabalho à juventude desde cedo.

Enquanto, nas instituições de ensino, o estudante conhece e explora todas as teorias, é dentro dos ambientes profissionais que ele pode vislumbrar as possibilidades trazidas pelo diploma. Empreender é palavra que está na moda, mas não significa necessariamente abrir uma empresa. O pensamento empreendedor precisa ser praticado e vivenciado, dia após dia, dentro e fora da sala de aula. Para que a teoria funcione, ela precisa estar alinhada à prática. E, para que a prática se sustente, é necessário embasá-la em grandes volumes de teoria. Tal cenário só pode ser construído quando há um bom relacionamento entre empresas e instituições de ensino.

Professores e equipes pedagógicas são indispensáveis para apresentar aos jovens o conhecimento científico, mas não podem esquecer de permitir que esses mesmos jovens exercitem o raciocínio livre. É por meio dele que, na outra ponta dessa trajetória, eles se tornarão expoentes da inovação profissional, seja em um negócio próprio ou como colaboradores em projetos relevantes.

Por outro lado, a indústria, o comércio e outros setores precisam estar preparados para receber essas mentes, ouvir suas impressões do mundo e absorver as muitas teorias que elas carregam da formação acadêmica. Ali, crescendo em um ambiente controlado e acompanhado por profissionais mais experientes, será possível desenvolver práticas que apliquem todo esse conhecimento. O resultado dessa combinação entre teoria e prática é a oxigenação do mercado de trabalho e das instituições de ensino.

Os processos, fluxogramas e protocolos profissionais devem estar em constante renovação – e nada como o trânsito entre academia e mercado para que isso ocorra de forma orgânica. Experiências concretas como a de Maringá, no Paraná, provam essa máxima. Fundada há apenas 74 anos, a cidade é modelo de desenvolvimento até mesmo internacionalmente. Com uma economia diversificada que vai da agricultura e pecuária à excelência no segmento de software, Maringá soube aproveitar as melhores mentes formadas nas universidades para melhorar seus processos empresariais. Estudantes das mais variadas áreas estão espalhados pelos setores que movem a economia local, como as cooperativas agrícolas, os muitos serviços e as grandes desenvolvedoras de tecnologia ali instaladas.

Com isso, a mão de obra qualificada pelas próprias empresas desde o estágio ajuda a solucionar problemas e encontrar saídas importantes para velhas preocupações. O trabalho integrado entre companhia e universidade permite que as contratações sejam cada vez mais assertivas e eficazes tanto para quem busca novos talentos quanto para quem está entrando no mundo do trabalho. Dentro do setor empresarial há uma grande possibilidade de contribuição que pode vir da academia. São nossos alunos que vão inovar, criar e diversificar o portfólio das empresas e, consequentemente, a economia das cidades.

Se educar é preparar para pensar de forma autônoma, investir no relacionamento entre a educação e o pensamento empreendedor pode ser o caminho para a sociedade da inovação.

José Carlos Barbieri é conselheiro do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR) e reitor do Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV)

 

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