PREVISÃO  CAIPIRA

Por Alcindo Garcia

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            O tempo anda tão confuso que até mesmo com as novas tecnologias dificilmente se pode fazer uma previsão correta. Chuvas demais no nordeste onde havia seca, no Centro-Oeste calor num dia, frio no outro. Geada e até neve no sul. Não culpemos a Deus por isso, a culpa é do próprio homem que está devastando a natureza e isso interfere no clima. Além disso, a provocação do desmatamento em troca da ganância, quando nem a terra dos índios é respeitada por madeireiros ilegais.

            As  moças, que aparecem todas as noites na televisão para o trabalho de anunciar a previsão do tempo quase sempre erram. Até  a melhor delas a “Maju”, a Maria Julia Coutinho, que faz a previsão para o Jornal Nacional, já cansou de explicar que é apenas uma “previsão e não uma precisão”, tirando o corpo fora em caso do tempo mudar tudo de repente driblando aquilo que ela “previu”, depois de consultar o Instituto Nacional de Meteorologia, duas horas antes do jornal ir para o ar.

            Quando  criança e morei na roça e lembro-me de que o caipira sabia como prever o tampo para plantar e colher seus produtos e acertava sempre. Não me perguntem qual era a técnica, porque não sei explicar.  Enquanto picava o fumo, dava uma cuspida de lado, olhava para o céu e sentenciava “Vem chuva braba aí!”. E não errava, não sei se a cuspida que ele dava de lado, antes de prever o tempo o ajudava ou não, mas ele acertava. Outra hora quando se avolumavam nuvens escuras no céu com aquele vento de trazer chuva forte, ele dava a cuspida de lado, olhava o céu e proclamava. “Muié, pode deixar a roupa estendida que não vai chover aqui, essa vai lá pro Paraná”, completava com acerto.  Acertava de novo. Tranquila, a mulher deixava a roupa estendida no varal.

            Até hoje admiro a “previsão caipira” que sempre dava certo. Ele dava várias denominações para identificar o tipo de chuva: “Chuva Braba”, “Chuva Mansa”, “Toró”, “Só moiadera” “chuvica” e outros nomes. Acertava até a tal de “Chuva de Manga”. Outra coisa não era que as chuvas esparsas. Aquela que chove em um bairro e não chove em outro.

             Se cuida Maju!

 

Alcindo Garcia é jornalista – e-mail: [email protected]

 

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