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RECONTANDO A INDEPENDÊNCIA

 

Não é de hoje que defendo uma releitura crítica da História do Brasil. Cito especificamente a Independência e a descoberta.  Nada mudou desde os bancos escolares. Continua se ensinando desde o básico que as caravelas de Cabral tinham como destino às Índias, mas acabaram se desviando da rota e chegando ao Brasil, que teria sido descoberto “por acaso”. Está provado que D. Manoel já sabia, por enviados que despachou para cá, da existência de um vasto continente, rico em ouro e pau-brasil. O caminho das ìndias foi o maior blefe da história. O objetivo era desviar a atenção dos navegantes espanhóis, evitando-se que eles aportassem por aqui antes de Cabral.

Quanto à independência existem verdades e mentiras. Nenhum historiador contou que antes da proclamação D. Pedro I esteve na basílica histórica (basílica velha) de Aparecida fazendo orações. Quem for a Aparecida poderá ver na fachada frontal da basílica uma placa de pedra afixada na parede informando a visita de D.Pedro I.

O famoso quadro histórico da Proclamação da Independência  já é um  engodo. Trata-se de uma cópia de quadro francês com pinceladas de heroísmo, mostrando a comitiva de D. Pedro I montada em belos cavalos e com uniformes impecáveis. Um fiasco. Eles vinham de Santos, montados em burros e subindo a serra com pesadas cargas em lombos de mulas, únicos animais com resistência para subir os penhascos da Serra do Mar a 900 metros de altura. Supõe-se que vestiam roupas de viagem, suados e sujos, o que não tiraria em nada o heroísmo de um D. Pedro I cheirando a suor e sem maquiagem. Perdoem-me os eruditos, mas eu prefiro ver a história por esse lado da verdade a essa fictícia encenação cinematográfica do quadro de Pedro Américo– com  D.Pedro I levantando a espada e gritando “Independência ou Morte”.

O que ele levantara era a carta que José Bonifácio de Andrade e Silva redigiu pedindo que proclamasse a Independência. E assim o fez.

 

(Alcindo Garcia é jornalista) – e-mail: [email protected]