REMÉDIOS DA INFÂNCIA

Por Alcindo Garcia

image_pdfimage_print

 

            Era criança na minha terra. Sou do tempo em que o Merthiolate ardia. Quem trabalha em farmácias sabe. Minha mãe curava meus “arranhados” com mercúrio cromo. Um dia destes fui buscar Merthiolate na farmácia e tive uma surpresa, O MERTHIOLATE da minha infância virou Merthiolate Spray. Pode? Espirra sem necessidade de passar algodão. Tudo vai mudando com o tempo. Meu tempo era um tempo bom. Tomava-se Biotônico Fontoura, uma delícia de fortificante rico em vitaminas segundo o rótulo.  Parecia vinho doce. Uma colher de sopa no almoço. Dava vontade de tomar o vidro inteiro. O que aconteceria? Deixava bêbado, nada mais, só isso. Mas nunca experimentei. Mãe fiscalizava tudo.

            Hoje toda medicação moderna tem que passar por um órgão chamado ANVISA.  Eles lá vão avaliar a medicação para só então ser vendida e usada. Os cientistas que analisam o produto escrevem para o que serve o remédio.  E depois autorizam uma bula do produto que já foi tema de uma crônica minha. Trazem duas linhas de INDICAÇÕES e três páginas de efeitos adversos ou efeitos colaterais, enfim CONTRA-INDICAÇÕES. É ali que mora o perigo. Minha médica quando me receita algo já vai pedindo “Não é para ler a bula”. As bulas da ANVISA acho que tem um valor extraordinário só para os médicos. Servem para eles indicarem a “causa mortis”  de alguém. Tomou babau!

            Meu tempo de criança todo mundo tinha uma plantação de ervas no quintal onde escolhiam os tipos de chás para ingerir após colocar as folhas na xícara com água quente. Eram remédios fitoterápicos: Camomila para dor de barriga, Cidreira como calmante, Boldo para cólica de fígado e Erva-Doce que não sei para que servia, mas que não tinha nada de doce, mas era amargo que nem fel. Carqueja para o estômago, Alecrim para digestão e Boldo como laxativo.

            Meu tempo de criança, acredito que fui muito feliz. Minha mãe “dona Fihica” entendia de tudo e me cuidava com muito carinho. Como todas as mães.

 

 

Alcindo Garcia é jornalista ([email protected])         

Botão Voltar ao topo