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Setor Ferroviário de passageiros ganha incentivo e demonstra reação

 

 
São Paulo, 06 de dezembro de 2024 – Depois de amargar um período muito negativo, o setor ferroviário de passageiros começou 2024 com uma perspectiva mais positiva. A produção em 2024 foi de 228 carros, enquanto a previsão para 2025 é de mais 188 unidades.

A mudança do perfil do setor, explica o 1º vice-presidente Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), Massimo Giavina, passa pelo apoio político em nível Federal, e em particular, pelo governo do Estado de São Paulo.

No âmbito Federal, o grande incentivo veio através da criação, no dia 19 de junho, da Frente Parlamentar para o Fortalecimento da Indústria Ferroviária Brasileira, que é presidida pelo deputado Pedro Uczai. Segundo Giavina, ela permitirá que o setor tenha um apoio do legislativo na realização de leis e na atuação junto ao governo Federal, para que o setor metroferroviário seja considerado, não só estratégico para o Brasil, mas também no atendimento do bem estar da população nas grandes cidades.

Dentre as medidas que estão permitindo a retomada do setor, Giavina ressalta que foram licitadas e assinadas as concessões do Trem Intercidades (TIC – São Paulo/Campinas); a linha 7 do Metrô de São Paulo; a concessão do Metrô de Belo Horizonte; a resolução do impasse do VLT de Mato Grosso com a venda dos equipamentos para o VLT de Salvador e a sua consequente retomada, com a rescisão do Contrato do Monotrilho com o BYD; o lançamento, pela Prefeitura de São Paulo, do primeiro projeto de VLT no centro da cidade.

O SIMEFRE e a ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), junto com outras entidades de São Paulo, propuseram uma linha de VLT (Mandaqui/Barra Funda), o que certamente iria de encontro ao Programa de Mobilidade Urbana de Parceria e Investimento (PPI-SP), lançada pelo governo do Estado de São Paulo.

O programa prevê a realização de 11 projetos nos próximos 5 anos, com investimento estimados em R$ 215 bilhões. Vale lembrar que a demanda de passageiros pós-pandemia, em particular no Metrô de São Paulo, demonstrou a recuperação dos passageiros transportados.

“Por outro lado, existe um grande déficit nos sistemas do Metrô e CPTM. Serão necessários elevados investimentos para a evolução dos mesmos.” A indústria brasileira possui instalações que permitem atender à fabricação de 1200 carros e sistemas fixos, explica. No entanto, o grande problema é preparar mão de obra para acompanhar a evolução dessa indústria, que atualmente está bastante deficitária. Em função disto, o SIMEFRE solicitou ao Sesi e Senai apoio na formação técnica.

As perspectivas para 2025 são bastante otimistas, com elevação dos faturamentos, graças ao PPI-SP e ao PAC do governo Federal e ao BNDES, que deu prioridade ao setor de VLT. O vice-presidente do SIMEFRE diz que existem identificados 50 projetos para a mobilidade urbana. “Além disso teremos a extensão do VLT de Santos; VLT de Brasília – W3 e, no Paraná o trem vermelho e o VLT de São José dos Pinhais.”

Apesar do otimismo Giavina chama atenção para as ameaças que estão surgindo, devido às isenções de impostos Federais para a importação de fornecedores estrangeiros, sem extensão para os contratos brasileiros. “Os impostos de importação são bem abaixo dos valores atribuídos aos outros setores do SIMEFRE que são da ordem de 30/35%, enquanto o setor ferroviário é em torno de 11,5%.”

A projeção para os próximos 20 anos é de encomendas da ordem de 70 bilhões de reais, sendo 23 bilhões para exportação. “Somente uma indústria está com encomendas no Brasil para as linhas 8, 9 e 6 para o Metrô de São Paulo e, no exterior, fornecimento para Taiwan e Bucareste. E ainda temos uma previsão de substituição do BRT no Rio de Janeiro por um modal com maior capacidade, como o VLT.”