Sociedade de Pediatria oferece orientações aos pais sobre dislexia

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A dislexia é um transtorno de aprendizagem que afeta a habilidade de ler e processar a linguagem escrita. De acordo com as diretrizes da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), é categorizada como um transtorno específico de aprendizagem, caracterizando-se por dificuldades significativas na leitura e na ortografia, que não são atribuíveis a outros fatores.

Conforme explica a otorrinolaringologista e foniatra Sulene Pirana, secretária do Núcleo de Estudos de Desenvolvimento e Aprendizagem da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), a dislexia é uma condição neurológica que afeta a capacidade de decodificar palavras e compreender textos. “Não está relacionada à inteligência. Crianças com dislexia podem ser muito inteligentes e criativas, mas podem encontrar desafios ao lidar com a leitura. Por isso, é essencial que as famílias busquem intervenções educacionais precoces e baseadas em evidências”, orienta a médica.

Ela diz que as terapias e programas educacionais devem incluir instrução específica em decodificação, treinamento de fluência, vocabulário e compreensão. “A intervenção precoce e a referência a profissionais qualificados são cruciais para alcançar os melhores resultados possíveis”, afirma. O ambiente familiar e o estilo parental também desempenham um papel significativo, segundo a especialista. “Um ambiente de alfabetização em casa deve incluir atividades de leitura regulares e de qualidade entre pais e filhos”, esclarece Sulene.

Ainda, estilos parentais que demonstram calor emocional e evitam superproteção e criação ansiosa estão associados a melhores resultados em aprendizagem acadêmica. “Estudos indicam que a dislexia está frequentemente relacionada a dificuldades no processamento auditivo básico, especialmente na percepção de sons da fala. Esses déficits auditivos podem ser melhorados com treinamento audiovisual, o que sugere uma plasticidade do sistema auditivo em resposta a intervenções específicas”, pontua a especialista.

Além disso, ela revela que é importante desmistificar a relação entre dislexia e problemas de visão. “Embora problemas de visão possam coexistir com a dislexia, eles não são mais prevalentes do que na população geral e não são a causa deste transtorno de aprendizagem. Terapias visuais, como exercícios oculares, não têm eficácia comprovada no tratamento da dislexia e podem atrasar a aplicação de intervenções eficazes”, avalia a  otorrinolaringologista.

Os sinais da dislexia, tais como dificuldade em associar sons às letras, leitura lenta e com muitos erros, dificuldade em reconhecer letras e palavras, problemas para compreender o que é lido ou escrito, entre outros, podem aparecer na infância, mas muitas vezes são reconhecidos mais tarde, quando as demandas escolares aumentam. “A dislexia é parte da jornada de aprendizado da criança, e com as intervenções corretas e o ambiente de apoio, ela pode alcançar seu potencial pleno durante o processo educativo. O amor, a compreensão e a paciência são essenciais enquanto os pais navegam por esse processo”, conclui Sulene.

 

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