Transexual ferida em assalto é submetida a cirurgia

Bianca Ramos da Silva foi atingida por uma facada há 7 meses e buscava ajuda financeira para custear a cirurgia de retirada das próteses de silicone. Professores do curso de Medicina se mobilizaram para operá-la sem custo algum.

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Se existe uma pessoa que passou por grandes reviravoltas durante o ano de 2020, essa pessoa foi Bianca Ramos da Silva, mulher transexual moradora de Assis que, reagiu a um assalto em abril e acabou sendo atingida por uma facada no seio esquerdo, o que gerou uma série de infecções que, caso não fossem tratadas a tempo, poderiam acarretar em complicações mais sérias e graves. Por isso, Bianca estava pedindo ajuda financeira online, para obter recursos e custear os cuidados de um cirurgião plástico na rede particular, uma vez que a rede pública
não tem a especialidade no município.
O médico cirurgião plástico Ricardo Estefani, professor do curso de
Medicina da Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA), se sensibilizou com a história de Bianca e decidiu ajudá-la

Dr. Ricardo entrou em contato com a Santa Casa, através do
funcionário Edmar Luis de Oliveira, chefe da enfermagem da unidade, que
prontamente mobilizou a Secretaria Municipal da Saúde para que a
paciente fosse localizada.
Um dia depois, Bianca Ramos teve uma consulta no ambulatório do Dr.
Marcelo Gonçalves. “Ela procurou diversos atendimento pela cidade, na UPA e em postos de saúde, a lesão chegou a ser suturada e até se iniciou
tratamento com antibióticos, mas começaram a aparecer diversas infecções locais. Quando li a notícia e vi que ela estava com a prótese extrusada, com uma parte exposta, ou seja, com uma infecção grave, pensei que nós tínhamos que tentar ajudá-la. Entrei em contato com o Dr. Felipe Vicente, que também faz parte do nosso corpo clínico da cirurgia geral da FEMA, e com o Edmar”, relata o professor Estefani.
Depois de uma série de antibióticos intravenosos que Ricardo e Felipe
pediram para o pré-operatório, a cirurgia aconteceu na última
quarta-feira, 2 de dezembro, logo pela manhã, em uma das salas de cirurgia da Santa Casa, que também doou os insumos usados na cirurgia.

“Nós retiramos as duas próteses, uma delas tinha um
ferimento exposto e uma perfuração grande, provavelmente pela facada”,
conta o médico.
“Quero agradecer primeiramente a Deus, aos médicos profissionais que cuidaram do meu caso e os alunos que acompanharam também, à Santa Casa por ceder o espaço e a todos que me ajudaram de alguma forma. Me chamava muito a atenção a falta de humanidade com que eu estava sendo tratada, depois de tudo o que aconteceu eu passei
a acreditar mais no ser humano, me sinto muito grata a todos que se
mobilizaram de alguma forma”, comentou Bianca.

A mobilização foi possível graças à parceria que a FEMA mantém com
a Santa Casa, onde os alunos do curso de Medicina
realizam o internato. Histórias como essa fazem com que a comunidade tenha a dimensão da importância do curso de Medicina para Assis que, de acordo com o professor Ricardo, “chegou para mudar o cenário de Assis e mostrar o quanto é importante que nossos alunos tenham acesso a casos que até não sejam corriqueiros, mas que mudem de fato a qualidade de vida das pessoas.
Esse é o grande foco do nosso curso e da disciplina de cirurgia geral,
nesse caso”, finaliza Ricardo Estefani.

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